segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A Evolução de Feira de Santana

Todos, escritores e pesquisadores, são unânimes na origem de Feira de Santana: Sesmaria de “ Tocós” pertencente a Antonio Guedes de Britto, que depois passou a João Lobo Mesquita e deste para João Peixoto Viegas.
Foi, pois, João Viegas e seus herdeiros que venderam várias partes de terra, inclusive uma área para o casal Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa, os quais construíram a fazenda no local conhecido pelos tropeiros e boiadeiros como “Olhos d’Água”, Havia ali (e ainda há) um grande minadouro situado na Rua Minadouro; o Tanque da Nação, hoje quase aterrado, no bairro do mesmo nome; a Fonte Mato situada no Areal de Bazilo e os Três Riachos; além de dezenas de lagoas, o que tornava a fazenda ponto de parada obrigatória a todos os viajantes.
Com a construção da sede da fazenda e mais uma capela que abrigava as imagens dos santos Domingos e Ana, o local tornou-se mais atrativo, fazendo aparecerem os primeiros comerciantes com barracas, inicialmente cobertas de palhas de aricuri, ou ouricuri, espécie de palmeira muito abundante no tabuleiro onde se localizava a fazenda.
Segundo o historiador Dr. Raimundo Antonio Carneiro Pinto, em sua “Pequena História de Feira de Santana”, a estrada de boiadas para os Estados do Piauí e Goiás que partia da Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira (atual Cachoeira), também conhecida como “Estrada Real”, atravessava a Fazenda Sant’Ana dos Olhos d’Água. O dicionarista Prof. Oscar Damião de Almeida, em seu Dicionário de Feira de Santana, informa que a aquisição da Fazenda Olhos d’Água pelo casal Domingos Barbosa e Ana Brandoa deu-se entre os anos de 1705 a 1710, porem a escritura de doação de 100 braças em quadra (equivalente a 6,1 tarefas), foi lavrada em 1732 no Cartório de Cachoeira, A doação foi feita para que se edificasse uma Capela no local conhecido por Alto da Boa Vista, onde hoje se situam as Praças Padre Ovídio e Mons. Galvão. Nesse lugar passava a estrada das boiadas
Como nascem os povoados, assim nasceu Feira de Santana: uma pequena barraca vendendo café, cachaça e fumo de corda, depois outra concorrente, acrescentando charque e farinha, outra e mais outra até formar-se a Povoação “Sant’Ana dos Olhos d’Água”.
Embora a feira ao ar livre tenha começado em aproximadamente 1725 (visto que, no codicilo aberto à viúva Ana Brandoa, foi confirmada judicialmente a vinculação da Capela de Santana às terras doadas em 1732), somente em 1819 o Povoado de Santana da Feira foi reconhecido oficialmente. Em nove de maio1833, o povoado foi elevado à condição de Vila, sendo desmembrada de Cachoeira em 16 de setembro de1833. Nessa mesma data, instalaram-se a Câmara Municipal e o Município de Santana da Feira. Em 12 de junho1855, foi criada a Comarca da Vila, ano que, ainda segundo o Prof. Oscar Damião, ocorreu a desastrosa epidemia de “cólera-morbo”.
Um século depois, Feira de Santana já “se tornara a porta do sertão, o seu entreposto comercial e seu canal de comunicações”, como bem descreveu Rollie E. Poppino em sua grande obra “Feira de Santana”. Nesse período já era Cidade, categoria a que foi elevada em 16 de junho de1873, com o nome de “Comercial Cidade de Feira de Santana”.
Na verdade o grande desenvolvimento de Feira começa a partir de 1860, quando já contava com mais de 3.000 habitantes, e a sua feira livre já superava as de Capuava (Dias D’Avila), Nazaré das Farinhas e Conceição da Feira. A guerra com o Paraguai (1865 a 1870), que teve a participação de centenas de feirenses, não só da Guarda Nacional como também muitos voluntários, trouxe maior comunicação, desenvolvimento comercial e, principalmente, escolas. Além disso, construí-se a Santa Casa de Misericórdia, mesmo não havendo um médico aqui residente. Só depois de 1880 tivemos o Dr. Joaquim Remédios Monteiro como médico que residia em Feira de Santana. Outros clinicavam aqui semanalmente.
As professoras Marília Queiroz da Silva e Neide Almeida da Cruz, no livro 50 Anos de Educação, dizem que “a educação foi mais privilégio das famílias abastadas; vamos observar que em 1860 (2º Império) grandes eram as dificuldades com as quais se defrontavam os dirigentes do município de Feira de Santana, especificamente com relação à educação popular. A grande maioria da população recebia instrução mínima, não a recebendo o povo propriamente dito. No ano anteriormente citado só havia 14 escolas públicas em todo o município. Estavam localizadas nos distritos rurais 11 destas escolas elementares, enquanto na vila de Feira, sede do município, havia uma escola elementar para cada sexo e uma escola secundária de gramática latina para rapazes. Além disso, quatro escolas elementares particulares.”
Cronologicamente, de acordo com a obra citada, a escola secundária fechou suas portas em 1865. Em 1895 houve outra tentativa e mais uma vez fracassou. Em 1889, 24 anos depois, tínhamos na sede apenas mais uma escola, totalizando cinco, embora já contássemos com jornais, médicos, advogado, gráfica e tantos outros avanços sociais, conforme o livro “MEMORIAS” , organizado pelos Professores Carlos Alberto Oliveira Brito e Arcenio José Oliveira.
O Asilo N.Sra de Lourdes, fundado em 1879 pelo Padre Ovídio de São Boaventura, em 1913, abre uma escola primária que inicialmente é destinada às órfãs ali amparadas, mas cede espaço a uma escola particular de primeira qualidade que chega aos nossos dias. Em 1890, foi criada a primeira Biblioteca Pública da Feira e, em 1917, sob a Intendência de Agostinho Froes da Motta foram construídas e inauguradas as Escolas Maria Quitéria e João Florêncio Gomes, sendo na mesma época construído o Grupo Escolar J. J. Seabra, inaugurado em 12 de março de 1916, então a mais bela construção e que até hoje nos encanta a sua beleza com o nome de CUCA.(Centro Universitário de Cultura e Arte).
Autorizada em janeiro de 1926, a Escola Normal Rural de Feira de Santana foi instalada e inaugurada em 1º de junho de 1927, dentro de uma adaptação feita no Grupo Escolar J.J. Seabra para o funcionamento de dois anos fundamentais e 4 normais, sendo então extinto o Grupo aludido.
As décadas de 10 e 20 foram realmente as que deram o primeiro grande impulso ao desenvolvimento cultural de Feira de Santana: criaram-se os Grupos Dramáticos Sales Barbosa, Taborda, Rio Branco, entre outros e construíram-se o Teatro Santana (posteriormente transformado em Cine-Teatro Santana) e a Estrada de rodagem para Salvador (seguindo o traçado da estrada das boiadas).Chegaram, nesse período, os médicos Dr. Fernando São Paulo, Dr. Gastão Guimarães, Dr. Honorato Bonfim e o Dr.Joaquim de Almeida Couto. Para completar o desenvolvimento, houve a criação de jornais semanais, telégrafo da via férrea e, finalmente, a inauguração e funcionamento da Escola Normal Rural de Feira de Santana.
As estradas, as feiras, a construção do Mercado Municipal (1915) e da Ponte Rio Branco sobre o rio de Jacuípe em 1917, o surgimento de novas casas comerciais, carros e outros acontecimentos trouxeram grande desenvolvimento comercial, mas foi o funcionamento da Escola Normal, que trouxe muitos profissionais liberais para a Cidade, aliado às filarmônicas, aos jornais e ao teatro, que alimentou a fogueira do desenvolvimento cultural. Estes formavam o epicentro em torno do qual giravam os movimentos culturais.
Os médicos e os professores da época foram os primeiros poetas como Honorato Bonfim, Gastão Guimarães, Godofredo Filho, Georgina Erísman, Eurico Alves Boaventura dentre outros. Alem das poesias, existiam os concursos de charadas (novíssimas ou casais), promovidos pela imprensa com o patrocínio do comercio. Era, assim, a Escola Normal o centro da cultura feirense. Na época as professoras ganhavam tão bem, que aquele que se casava com uma professora era acusado de golpista do baú e ficava com o nome de “marido de professora”. Com a Escola Normal, veio o Ginásio Santanópolis, Escola de Escrituração Mercantil (contabilidade) e outros.
Também em 1926 foi inaugurada a energia elétrica em Feira de Santana, construído o atual Prédio da Prefeitura Municipal, a estrada rodoviária Feira-Salvador (com 144 quilômetros). Além disso, outros fatores de importância cultural como a vinda do Águia de Haia, em 1919, e, na parte comercial, a instalação da Agência do Banco do Brasil contribuíram para o desenvolvimento da cidade.
Com mais uma série de acontecimentos que já foram descritos nos Livros de Rollie E. Poppino, Raimundo Antonio Carneiro Pinto, Oscar Damião, Marília Queiroz e Neide Almeida e outros, a Cidade chegou ao ano de 1930 com a primeira turma de professores formados pela Escola Normal Rural de Feira de Santana. Depois vieram os do Ginásio Santanópolis. O primeiro médico filho de Feira de Santana foi o Dr. Wilson Falcão, seguido por Dr. Waldir Pitombo, que se juntavam com os demais médicos na residência de Dr. Gastão Guimarães, onde formavam uma espécie de Academia de Medicina e Letras , em reuniões quase todas as noites.
Depois de 1938, quando Getúlio criou a “Hora do Brasil”, e com o advento da 2ª Guerra Mundial, chegaram os primeiros rádios receptores que nos punham atualizados sobre as ocorrências mundiais. Já em 1948 o Sr. Pedro Matos fundou a primeira radio transmissora, inclusive com programas de auditório, denominada Rádio Sociedade de Feira de Santana, adquirida anos depois pelos frades capuchinhos e que perdura até os dias atuais.
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, Feira desenvolveu-se e agigantou-se na parte comercial, inclusive recebendo milhares de mecânicos e pequenos comerciantes migrados de todo Nordeste brasileiro. A parte cultural cresceu menos naquele período, muito abaixo do crescimento comercial, mas não ficou parada; A Escola Normal e o Ginásio Santanópolis continuavam no seu processo educador e cultural.
Médicos, professores, um grupo de intelectuais e políticos começou a sonhar com uma faculdade. Eles conseguiram, inicialmente, com a força de Assis Chateaubriand, a fundação do Museu Regional de Arte de Feira de Santana em 1967, tendo o grande Jornalista doado várias obras de pintores nacionais e internacionais, cujas obras estão hoje em permanente exposição no CUCA, antiga Escola Normal.
Mas essa plêiade, formada de intelectuais e políticos, não deixou de sonhar. Aproveitando a Teoria do Capital Humano dos Governos Militares, lança—se na luta pela criação de uma Faculdade em Feira de Santana. Em 1968 vêem esta Cidade ser contemplada com a Faculdade de Educação e, em 1970, com a criação da Fundação Universidade de Feira de Santana (FUFS). A Faculdade funcionou no antigo prédio da Escola Normal, hoje CUCA, até 31 de maio de l976, quando foi instalada a Universidade, então marco maior de todos que amavam e amam Feira de Santana. Naquela oportunidade foram criadas a Academia Feirense de Letras, várias bibliotecas, dezenas de escolas do 2º grau, acompanhando, assim, o desenvolvimento cultural da Princesa do Sertão.
Hoje a Universidade Estadual de Feira de Santana possui sete módulos, Centros Administrativos I, II e II, além de um Centro de Informática, Parque Esportivo, Prédio da Biblioteca, Creche, Centro de Educação Básica, Residência Universitária, Observatório Astronômico, Estação Climatológica, Centro de Treinamentos, Sede de Educação Ambiental, Centro Universitário de Cultura e Artes, Museu Casa do Sertão e seis Clínicas Odontológicas.
Atualmente a UEFS mantém 47 cursos de graduação, sendo 25 referentes a dois programas de Formação de Professor. No ensino de pós- graduação, conta com nove Mestrados e três Doutorados, com perspectivas de implantação de outros cursos de pós-graduação. Os cursos de especialização contam hoje com 9675 estudantes, dos quais 506 são pós-graduados.
Mas os sonhadores não param de sonhar: realizado ou morto um sonho, nasce outro. Contando a Cidade com aproximadamente 500 médicos (insuficientes para atender a Cidade e os municípios vizinhos), eles próprios, juntamente com todos os feirenses, sonharam e lutaram pela instalação do curso de Medicina em Feira de Santana. Assim, em 2003, foi instalada e matriculada a primeira turma (com 30 alunos) para o curso de Medicina, que deverão receber o alto diploma de Médicos em 2008.
Mais seis Faculdades particulares funcionam hoje em Feira, e cerca de 600 escolas de 1º e 2º graus, entre públicas e particulares, estando o setor em franca expansão.
O nosso sonho atual é que mais cultura e arte sejam ampliadas nesta Cidade que além de comercial está retornado aos seus velhos princípios de Cidade cultural.

sábado, 30 de julho de 2011

Estudantes de Direito representam a Uefs em evento internacional nos EUA

Estudantes do curso de Direito da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) participaram, em Washington, EUA, do 16th Inter-American Human Rights Moot Court Competition (16ª Competição Interamericana de Direitos Humanos). O evento, realizado no final do semestre, foi promovido pela American University College of Law, em parceria com a Academy on Rights and Humanitarian Law.

A equipe da Uefs foi composta por Alex Daniel Barreto Ferreira (neto de Antônio do Lajedinho, autor deste blog) e Tássio Túlio Braz Bezerra, tendo como treinador o professor mestre Cleber Julião, além da observadora Débora Santana Figueiredo, membros do Grupo de Estudo de Relações Internacionais e Direitos Humanos da Instituição (Geridh).

A competição consiste em uma sessão simulada da Corte Interamericana de Direitos Humanos em que duas equipes, uma representando o estado e outra as vítimas de violação de direitos humanos, apresentam memorial escrito e realizam defesa oral em torno de um caso hipotético de suposta violação de direitos humanos.

Dentre os objetivos da atividade está o fomento ao debate sobre os instrumentos de proteção do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, capacitando estudantes para a defesa e promoção dos direitos humanos tanto na esfera nacional como internacional.

Além de participar da competição, a equipe da Uefs visitou organismos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh) e a organização não-governamental Global Rights. “Ampliamos a rede de contatos com o objetivo de firmar convênios, a realização de outras atividades acadêmicas para a promoção e a inserção internacional da Uefs”, salientou o estudante Tássio Bezerra.

Esta foi a primeira participação de uma equipe da Uefs no evento. Estiveram presentes estudantes de aproximadamente 100 universidades de quatro continentes. A Uefs foi a primeira representante do Nordeste brasileiro nas 16 edições da competição. A equipe conquistou a vaga para participar durante o Concurso Nacional do Sistema Interamericano de Direitos Humanos 2011, realizado em abril, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Com informações da Ascom/Uefs

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Feira de Santana

Augusta terra que um dia engravidou
de sonho e realidade, em sublime fusão,
parindo poetas que o mundo os consagrou
e ilustre filhos que engrandecem a Nação.


Terra que o grande Ruy também se apaixonou,
despertando carinho e admiração,
quando, encantado, deu o título e poetou
batizando-a como a " Princesa do Sertão " .

Querida Feira de Santana, berço amado,
seguro abrigo para os que vieram de fora,
magnifico lar para um filho morgado.

Suntuosa Feira, mãe sagrada, eu te proclamo
a mais bela flor da exuberante flora
e com o coração declaro: eu te amo !

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A FEIRA E OS GRANDES HOMENS DOS SÉCULOS PASSADOS

É muito difícil imaginar como era Feira de Santana no segundo quartel do século XIX. Ligada à Cachoeira por estradas estreitas, dentro das matas que hoje formam o município de São Gonçalo; embora houvesse uma pequena melhora com o alargamento da estrada, os problemas continuavam com os grandes declives, principalmente em “capoeruçú” nas proximidades de Cachoeira.
É bom lembrar que houve infrutíferas tentativas de formação de uma empresa internacional, a exemplo da “Paraguaçu Steam Tram Road Company”. Além dessa, houve outras tentativas, CPOR parte do Governo Federal, para a construção da ferrovia que ligaria Feira de Santana a Cachoeira. Mas os custos com uma estrada ferroviária, passando pelas ladeiras íngremes eram muitíssimos altos, principalmente porque ainda não havia maquinários nem os recursos que dispomos hoje.
Foi então que apareceu um homem de visão e inteligência excepcionais, o Coronel Joaquim Pedreira de Cerqueira que em 1858 construiu, às suas expensas, uma nova estrada, por terreno plano, capaz de resolver quase todos os problemas que a estrada de “capoeruçu” causava.
Na verdade, foi só a partir dessa estrada construída pelo Coronel, que se implantou uma ferrovia em Feira, a partir de 1867. Talvez ainda por sua influência ,Feira de Santana teve o seu Juizado de Paz em 1859. Note-se que nesse mesmo ano, a Feira havia recebido, fidalgamente, na residência do Coronel Joaquim, a visita de D. Pedro, que na oportunidade fez doação, em dinheiro, para que fosse construída a Santa Casa De Misericórdia, a qual só foi concluída em 1865.
Só então profissionais liberais começaram a abrir escritórios e consultórios em Feira de Santana, como se lê nos jornais da época, trazidos à luz da história pelos doutos Carlos Alberto Oliveira Brito e Arcenio José de Oliveira no livro “Memórias”. Os próprios jornais foram frutos desse início do progresso, nossas Filarmônicas, Teatro e Grêmios Literários Dramáticos assentaram então as bases culturais.Neste preâmbulo procuramos mostrar apenas a ação de um homem, Coronel Joaquim, que num gesto de amor a Feira de Santana, fez construir a primeira estrada carroçal, na qual, posteriormente, puderam ser assentadas as linhas ferroviárias e o primeiro transporte mecanizado entre Feira/Cachoeira/Salvador. A estrada existente, conhecida como carreiro ou caminho, só dava passagem a pessoas e animais de carga, em fila, e era íngreme demais para uma ferrovia.
Portanto, podemos afirmar que foi a iniciativa e o trabalho do Coronel Joaquim que trouxe para Feira de Santana o início do progresso que chegou, e continua chegando, aos nossos dias.
Rollie E. Poppino, em seu livro “Feira de Santana” nos conta: “... o tráfego pesado obrigou ao alargamento da estrada, o que foi concluído em 1840. O transporte de qualquer forma era lento e custoso, pelas más condições da estrada, bastante íngreme nas proximidades de Cachoeira. Para melhorar essas condições, fundou-se, em 1846 uma companhia de transporte, para construir uma estrada mecanizada entre Feira de Santana e Santa Izabel do Paraguaçu, via Cachoeira... – Incapaz de levantar o necessário capital, a companhia dissolveu-se antes de iniciar qualquer trabalho na nova estrada. Conquanto nenhum progresso se fizesse por esse tempo, a circunstância de tal companhia ter-se organizado e ter recebido sem demora a devida autorização do governo provincial indicou que se reconhecia a necessidade de um transporte mais adequado. No ano seguinte o Coronel Joaquim Pedreira de Cerqueira, de Feira de Santana, começou a construção, às suas expensas, de uma nova estrada para Cachoeira. Ao completá-la, em 1858, teve as despesas em parte reembolsadas pelo tesouro da Província”
Quem foi o Coronel Joaquim Pedreira de Cerqueira? Um homem que hospedou o Imperador D. Pedro II em sua residência nesta Cidade e financiou, anteriormente, a construção de uma estrada da Feira para Cachoeira, um verdadeiro herói quase desconhecido nesta terra, onde sua obra foi de vital importância para desenvolvimento de toda a região. Além de Poppino, somente conhecemos alguns traços biográficos deixados pelo saudoso Professor Oscar Damião em seu Dicionário Da Feira de Santana, nos seguintes termos:
“Era filho do Dr. Gil Pedreira de Cerqueira, Bacharel em Filosofia e Ciências Naturais pela Universidade de Coimbra, bisavô de Pedro Tomás Pedreira, membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia”.
Em uma pesquisa no CEDOC (Centro de Documentação) da UEFS, (Universidade Estadual de Feira de Santana) e muito trabalho do professor Luiz Cleber Moraes Freire, foi encontrado na APEB, classificação 1/221 /401/2 às fls. 381, o Testamento Do Coronel Joaquim Pedreira de Cerqueira onde constam as seguintes informações: era natural de São Gonçalo dos Campos, porém viveu, constituiu família no então Povoado de Feira de Santana, onde faleceu em 24/02/1872 (ano em que Feira de Santana foi elevada à categoria de Cidade), deixando dois filhos naturais, Joaquim Pedreira de Cerqueira Jr. e Nerina Clara Pedreira de Cerqueira, além de mais sete filhos do casamento. Posteriormente os filhos naturais foram legitimados.
Dentre os sete destacamos o filho Tenente João Pedreira de Cerqueira que fez algumas construções em Feira e empresta o seu nome à praça principal desta Cidade e foi o inventariante. Também descobrimos que o Dr. Gil era seu filho e não pai como se pensava.
Dentre os bens deixados pelo Coronel, constam mais de cinco engenhos de cana de açúcar, dezenas de fazendas, 128 escravos, alto número de ações do Banco do Brasil, do Banco Mercantil, do Banco da Bahia, apólices da dívida pública, 2.466 cabeças de gado, sobrados, sendo todos os bens do “De cujus” avaliados em 1.281:287$045 (hum milhão, duzentos e oitenta contos e duzentos e oitenta e sete mil réis e zero quarenta e cinco derreis). Difícil de calcular com a nossa moeda atual, mais em comparações entre objetos e valores, pode-se afirmar que sua fortuna, atualizada hoje, seria de aproximadamente 100 milhões de reais.
É necessário que se faça justiça à memória daquele grande feirense, para que não continue esquecido como tantos outros, o foram.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

De volta ao trabalho

Depois de curtir um período de férias com a minha adorada esposa, voltarei a escrever periodicamente neste blog. Aguardem os novos artigos!